O Jardim Europa, marcado por sua história repleta de desafios e conquistas, nasceu de um loteamento aprovado em 1956, cujos proprietários incluíam o topógrafo alemão Ewald Janssen e outros seis sócios, como Elias Bufaiçal e Luiz Sampaio Neto. Contudo, a ocupação do bairro foi pontuada por diferentes momentos. A primeira fase foi marcada por uma invasão próxima às margens do Córrego Macambira, cujo início, antes ou depois do parcelamento, ainda gera incerteza de acordo com documentos da Secretaria Municipal de Planejamento. A ocupação pelos moradores que compraram lotes só ganhou intensidade a partir dos anos 80.
A inspiração para a nomenclatura do bairro e de suas ruas provavelmente se originou do continente de origem de Ewald Janssen: o Jardim Europa, com suas largas vias batizadas em referência a países e cidades do velho mundo, como Itália, Milão e Inglaterra. Porém, a grandiosidade do projeto urbanístico idealizado por Janssen não se refletia nas alamedas ou passarelas centrais. Nesse sentido, o bairro não compartilhava semelhanças com as cidades europeias.
Seu Amadeu, um morador do bairro desde a década de 70, migrou em busca de uma residência maior para sua numerosa família. A mudança do conjunto habitacional Vila União, onde as casas eram diminutas, para o Jardim Europa causou um misto de surpresa e desejo de retornar à casa anterior em sua filha caçula. Entretanto, apesar da precariedade, o bairro oferecia um mundo novo para explorar. Claudete, que cresceu no Jardim Europa, relembra como ela e suas amigas brincavam na mata, descobrindo variedades de frutas do cerrado. Além de diversão, essa mata também auxiliava na complementação do orçamento dos moradores, que utilizavam galhos de árvores para diversos fins.
O loteamento era extenso, com 3.417 lotes, 18 chácaras e uma área de ocupação irregular. Sua grandeza o fazia limítrofe com diversos bairros, como Faiçalville, Vila Boa, Jardim Atlântico, Novo Horizonte, Parque Anhanguera, Jardim Planalto e Vila Rezende. Porém, poucas casas eram visíveis na época. A falta de demanda tornava inviável um serviço de transporte público direto para o bairro, obrigando os moradores a caminharem antes de pegarem o ônibus.
A Vila União, vizinha do Jardim Europa, se tornou ponto de apoio dos moradores, que recorriam a ela para suprir suas necessidades. Apesar da carência de infraestrutura, os lotes espaçosos atraíam não apenas aqueles que buscavam construir casas de padrão elevado, mas também empresas e instituições, que poderiam erigir sedes confortáveis em um ou dois lotes. Foi o caso da Associação Brasileira de Odontologia, Seção Goiás (ABO-Goiás), que transferiu sua sede para o Jardim Europa em 1994 e ampliou sua atuação.
Há menos de duas décadas, o Jardim Europa, apesar da valorização imobiliária na região, ainda enfrentava problemas antigos e carência de infraestrutura, o que levou algumas pessoas a desistirem do bairro. A mudança dessa realidade exigiu mobilização dos moradores, com abaixo-assinados, manifestações e lutas para obter melhorias. A própria ABO-Goiás colaborou na urbanização da avenida onde está localizada.
Com o tempo, o bairro se aprimorou. Além da ABO-Goiás, o Jardim Europa hoje abriga entidades, órgãos públicos e empresas privadas de diferentes portes, assim como um terminal de transporte coletivo. Os moradores comemoraram cada nova conquista, sendo alguns otimistas sobre o futuro, enquanto outros veem o bairro como um ápice alcançado, exaltando suas qualidades. Mesmo aqueles que apontam algumas falhas não hesitam em expressar seu amor pelo lugar, indicando um senso de pertencimento compartilhado por todos que vivem no Jardim Europa.
Fonte: https://goiasdenorteasul.com.br/
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