No coração de sua limitada extensão, o Jardim Vila Boa, composto por sessenta e sete quadras, destaca-se por sua notável estrutura, abraçando energia, asfalto, água tratada e esgoto – todos os pilares que sustentam uma qualidade de vida digna. Contudo, a vida dos pioneiros, que testemunharam o bairro em seus primórdios, traz à tona uma realidade muito distinta. Maria do Rosaria Chaves de Almeida, que chegou ao Jardim Vila Boa em 1970 aos quinze anos, lembra-se das dificuldades enfrentadas. Naquela época, a região carecia de opções de lazer, e sair após o horário tornava-se perigoso, uma vez que o bairro não possuía serviço de ônibus.
Porém, o lazer não era a única ausência que marcava a região naquela época. A carência do básico era uma constante, e o Jardim Vila Boa era carente de quase tudo: serviços de infraestrutura, à exceção da energia elétrica, e comércio eram raros na localidade.
Seu Djair Moraes Bueno e Dona Maria de Siqueira Moraes, que também se estabeleceram no bairro nos anos 70, recordam-se da precariedade da região. Vizinhos eram poucos e a comunidade era composta por apenas algumas casas esparsas.
Dona Nair Julia da Silva Pio, chegou um pouco depois, em 1986, e encontrou uma situação similar àquela enfrentada pelos primeiros pioneiros. Até mesmo receber visitas era um desafio, uma vez que as ruas esburacadas dificultavam o acesso à sua casa.
Seu João Moises Ferreira, que se mudou para o Jardim Vila Boa em 1994, conheceu a região no final dos anos 70, quando seus pais se mudaram para lá. Ele recorda-se da longa caminhada necessária para chegar à casa da família, pois naquela época o transporte público se estendia somente até o Novo Horizonte. Essa realidade, que era difícil para seu João, se repetia cotidianamente para muitos moradores que enfrentavam jornadas matutinas à escola ou ao trabalho.
Rosaria lembra que, muitas vezes, recorria à carona com vizinhos em carroças desconfortáveis para evitar a exaustiva caminhada.
Anos se passaram, e somente no início dos anos 90 o Jardim Vila Boa começou a receber melhorias básicas de infraestrutura. Porém, enfrentaram desafios políticos e disputas que por vezes retardaram o desenvolvimento. Lutas partidárias atrapalharam a execução de melhorias, inclusive com inaugurações repetidas de benefícios.
A união entre os moradores foi um fator crucial para o progresso do Jardim Vila Boa. A chegada de serviços essenciais e o surgimento de novos bairros deram um novo impulso à região. Atualmente, o comércio local satisfaz as necessidades da comunidade e os moradores têm acesso a serviços em bairros adjacentes.
Apesar dos avanços, carências persistem. Entre as demandas, destacam-se melhorias no posto de saúde, a criação de uma faculdade e um banco. No entanto, a população demonstra o espírito característico de nunca desistir de seus ideais. A Associação Defesa de Idosos Viva Bem é um exemplo disso, buscando proporcionar qualidade de vida para a terceira idade por meio de atividades físicas e manuais.
Os pioneiros orgulham-se de sua contribuição à história do Jardim Vila Boa e, ao questionar sobre o amor pelo bairro e a possibilidade de deixá-lo, a resposta é unânime: o Jardim Vila Boa é o melhor lugar para viver e ninguém quer sair. O bairro transformou-se de uma realidade escassa para um local onde a união dos moradores moldou uma comunidade resiliente e um lar acolhedor.
Fonte: https://goiasdenorteasul.com.br/
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