Os bairros mais antigos da Região Oeste de Goiânia, como o Parque Oeste Industrial e o Bairro Goiá, datam da década de 50 do século passado, época em que a maior parte dos loteamentos da capital foi criada. No entanto, foi apenas quando a cidade já não dispunha de áreas em outras partes para ocupação privada que a região começou a ser explorada.
A Região Oeste se destaca por ser uma das poucas na capital que ainda possui grandes espaços a serem ocupados. Por muito tempo, essa área foi negligenciada e relegada quanto a investimentos significativos, tanto habitacionais quanto empresariais. Empresas de segmentos específicos, como peças e serviços para caminhões, foram algumas das poucas que se estabeleceram na região. Isso ocorre porque os bairros na fronteira oeste da cidade, em especial o Parque Oeste Industrial, servem como porta de entrada para a região sudoeste de Goiás, um importante polo agropecuário do estado, que exporta produtos para o Brasil e o mundo, gerando um fluxo constante de caminhões transportando mercadorias e equipamentos.
O Parque Oeste, como muitos outros bairros em sua fase inicial, carecia de infraestrutura. Para agravar a situação, a região se encontrava isolada no extremo oeste da cidade, com apenas um acesso, bastante precário, para chegar ao bairro. Pioneiro no local desde 1970, Pedro Antônio da Silva relembra a época em que chegou ao Parque Oeste e encontrou um cerrado extenso ao redor. Para construir sua moradia, ele recorreu à madeira da mata, não apenas para a construção, mas também para vendê-la e adquirir outros materiais. Naquela época, a comunidade era pequena e andar pelo bairro à noite era quase impossível devido à completa escuridão. Para garantir iluminação nas ruas, ele chegou a comprar um poste e doá-lo à Celg.
Dona Rita Rosa do Nascimento, outra pioneira, também chegou ao bairro quando tudo estava no início. Na época, não havia transporte disponível, e a única opção era ir de bicicleta. Ela e o marido passavam os dias no bairro, cozinhando em um fogareiro enquanto construíam sua casa nos fins de semana.
Eduardo Arruda da Silva, professor e pastor evangélico, cresceu no Bairro Goiá. Ele recorda que, na infância, o Parque Oeste, bairro vizinho, parecia distante, com apenas mata entre os dois setores. Hoje, a distância entre eles se resume a 1 ou 2 minutos de carro. Desde a infância, Eduardo recorda das ruas empoeiradas e esburacadas do bairro, das mulheres buscando água das cisternas, dos lotes vazios e das várias dificuldades que o tempo não apagou de sua memória.
O tempo passou, Goiânia expandiu e bairros surgiram por toda parte. Com a escassez de áreas em outras partes da cidade, a Região Oeste passou a atrair diversos segmentos empresariais. Edifícios começaram a surgir timidamente, e a verticalização do entorno valorizou a região como um todo. No entanto, o desafio pelo uso de uma grande área ociosa no Parque Oeste Industrial culminou no episódio marcante e violento da história do bairro. Em 2004, milhares de famílias sem-teto ocuparam um terreno na Avenida Magnólias. Após um período de tentativas de negociação, a desocupação resultou em um trágico confronto, com dois mortos e muitos feridos.
Apesar dessa ferida na história, o bairro e toda a região continuaram a avançar. Hoje, o entorno se transformou e se valorizou consideravelmente. Obras públicas, como a duplicação da BR-060 e a construção de viadutos na saída para a região sudoeste, contribuíram para a valorização imobiliária. Para os moradores mais antigos, é gratificante ver as melhorias após tantos desafios. A expectativa é de que as melhorias continuem a ocorrer com mais agilidade daqui para frente.
Fonte: https://goiasdenorteasul.com.br/
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