O Setor Aeroporto, localizado em uma posição estratégica da cidade de Goiânia, teve um início como muitos bairros periféricos: caótico e desprovido de infraestrutura básica. As redes de energia elétrica eram inexistentes, e a obtenção de eletricidade em casa demandava artifícios criativos, como as famosas “gambiarras”. Contudo, mesmo após a conclusão do processo de ocupação, o crescimento do bairro enfrentou lentidão. Assemelhando-se aos setores Sul e Oeste, bem como a outros bairros nobres da cidade, a construção de edificações exigia autorização governamental.
Apesar desses desafios iniciais, o Setor Aeroporto embarcou em uma trajetória ascendente em direção ao desenvolvimento. No final dos anos 60, o bairro recebeu asfaltamento, redes de água tratada e saneamento básico. Com sua infraestrutura e localização privilegiada, o Setor Aeroporto logo atraiu a atenção de segmentos empresariais diversos, incluindo clínicas, laboratórios, hotéis, restaurantes e, posteriormente, garagens de veículos. Hoje, o bairro é uma referência em todo o estado nessas áreas.
Contudo, o processo de crescimento do bairro foi interrompido por um evento impactante: o acidente com o Césio 137. O desastre radioativo modificou drasticamente a rotina dos moradores e comerciantes, deixando o Setor Aeroporto sentindo os efeitos nocivos do Césio por anos. No entanto, como o tempo frequentemente demonstra, os efeitos negativos desse evento foram gradualmente superados. A normalidade foi restaurada, e o desenvolvimento continuou seu curso natural. A verticalização das estruturas, a atração de variadas empresas e a chegada de novos moradores enriqueceram a região.
Um ponto emblemático do Setor Aeroporto é a Praça Santos Dumont, carinhosamente chamada de “praçao do avião”. Essa área abrigou o primeiro aeroporto de Goiânia, instalado na época em que a cidade buscava modernidade e progresso. Originalmente, tratava-se de um aeródromo com uma simples pista de pouso para aeronaves de pequeno porte. Mesmo que modesto, esse aeroporto era uma novidade naquela época, atraindo multidões para assistir aos espetáculos de pouso e decolagem.
O loteamento do Setor Aeroporto ocorreu paralelamente a outras modificações importantes, incluindo a parcelação da área. Essa ação não apenas buscava desenvolvimento urbano, mas também visava angariar recursos para uma capital ainda emergente. Do montante arrecadado, parte foi destinada ao antigo Banco do Estado de Goiás (BEG), parte à rede de abastecimento de água e energia de Goiânia e Anápolis, e parte à construção de um novo aeroporto.
Durante o processo de loteamento, os irmãos Coimbra Bueno e o projetista Armando de Godoy, responsáveis por muitas transformações na capital, não estavam mais envolvidos. Foi o topógrafo alemão Ewald Janssen que executou o projeto do bairro, buscando integrar a área ao plano geral da nova capital.
O Setor Aeroporto, embora situado tão próximo do Centro já urbanizado, teve um início tão modesto quanto outros bairros periféricos. O professor Orlando de Castro, que se mudou para o bairro em 1963, lembra que até mesmo as redes elétricas não estavam instaladas. Para ter eletricidade, recorria-se às conhecidas “gambiarras”. Apenas duas casas eram visíveis na rua, e os arredores eram preenchidos por vegetação. A vizinhança, por vezes, incomodava, como quando formigas atacavam as roseiras de sua esposa.
Após superar desafios como falta de infraestrutura e autorizações governamentais, o Setor Aeroporto alçou voo rumo ao desenvolvimento. A valorização da área foi acompanhada por demandas comerciais e crescimento populacional. Embora tenha enfrentado o impacto do Césio 137, o bairro ressurgiu com determinação. Hoje, sua influência e atrações, como a Praça Santos Dumont, solidificam sua identidade e narrativa na história de Goiânia.
Fonte: https://goiasdenorteasul.com.br/
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